Quando eu
comprei a passagem de ida para essa aventura, não sabia ao certo o nome do país
que transformaria em lar-temporário-sem-prazo-para-deixar-de-ser-temporário.
Não sabia se fazia frio ou calor ou frio e calor.
Não sabia
qual o prato típico do lugar, se os habitantes costumavam acordar de bom humor,
tomar café e cumprimentar os vizinhos de manhã.
Não sabia se
seria bem recebida, ou se me adaptaria. Carregava comigo uma pequena mala de
bons sentimentos, receios e vontade, ah muita vontade. Me propuseram a viagem e
eu disse “sim! Sou uma boa visita e até lavo louça”.
Poderia ser uma
ilha perdida no Pacífico, ou ter chalés com pequenas montanhas em volta.
Poderia ser uma praia onde o sol ficava suspenso, encharcando o mar com suas
cores: laranja, vermelho, rosa e as vezes lilás.
Sei que a tarifa
do voo não foi nada barata: custava montes do meu orgulho e coragem. Os gastos
extras com paciência quebraram o meu orçamento durante um tempo. Entretanto, a
vida tinha uma dívida comigo e sabia que aquele tanto seria recompensado em
pequenas parcelas surpresas. Que ainda estão sendo pagas.
Pousar nesse
novo país e admitir que ele poderia ser minha casa durante um tempo foi uma
tarefa árdua. E nunca desejei estar em outro lugar que não fosse aquela cadeira
numerada.
A terra nova
me parecia conhecida. Como um flash, eu estalava os dedos e ela continuava lá,
tão familiar e confortável. Aprendi o idioma, embora não tenha perdido o
sotaque de antes. A previsão do tempo hoje me parece simples de interpretar.
Embora quase sempre faça sol, carrego um casaco comigo para me proteger de
possíveis geadas.
Meu país é
como uma ilha de sol com pequenos lagos em volta. As vezes teima e me arrasta
com seu vento forte que rapidamente se tornam tempestades, em outras não consegue
mover um centímetro do meu corpo em sua direção. Assim convivemos, assim
existimos.
O amor é uma
grande viagem. E eu não quero passagens de volta.
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"a palavra escrita permanece."