28.4.13

endomingada


18h05.



Poucas coisas me caem tão bem quanto roupas mescladas pra pijama. Folgadas, com barras arrastando, enquanto engolia o caos da cidade com meu olho mágico. Minha história não existia com uma personagem central. Detalhes minúsculos me arrastavam. Minha sensibilidade extrema se tornou estupidez. Eu conhecia e mapeava pouquíssimos lugares fora de são paulo. Estações gigantes, pessoas correndo em escadas rolantes automáticas ainda me assustam.  A gente vive encurralado pela miséria de ser quem é.

Somos besteiras, insignificantes, substituíveis no tempo-espaço. Trôpegos em nossos passados. Lesados pela explosão de informações em nossos corpos, mentes, espíritos, espaços. Compartilhamos tirinhas do Charlie Brown, músicas tristes com letras imensas. Assistimos filmes pesados, realistas de diretores de todo gênero. Nos identificamos com os mais profundos, os mais sensíveis. Os mais toscos. Falamos de sexo, protestamos contra corrupção. prontos pro ataque, praquela conversa afiada com o cara mais eloquente do bar. Relaxamos com uma piada sobre a gordinha feia da sala. Aprendemos a vender coisas, coisas, coisas. Lixo. Pra gente lixo.

Vivemos irritados, insatisfeitos. Somos otimistas, mas é claro. É necessário otimismo quando se chama o viajante do ônibus 142 de herói. É necessário otimismo para se construir novas relações. Jovens sem classe. Bêbados de escolhas estranhas. Responsáveis por liberdades. Translados de nossos imaginários para nos tornarmos adultos paralelos.
Endomingados. Como nossos pais

2 comentários:

"a palavra escrita permanece."