11.11.11

deixa eu inventar carinho




—Eu me entrego.

Cesso de querer farfalhar cores pra você de cansaço, de apagar pontas de cigarros. Cesso as músicas de Caetano e Nara. Cesso os pensamentos que me fizeram rodopiar pela sala no meio das noites, cesso os carmas, os instantes. Cesso as brigas in (existentes) que sacudiam os sábados à tarde. Cesso o ciúme, os jeitos, os olhares. Os abismos. Cesso de você.
[...]

—Dois

Tinha um carma com aquele garoto. Talvez fosse a vontade de esmagar a estrela de mil pontas de Clarice, aquela que apagou o destino de Macabéa. Talvez fosse aquela canção que pedia mais amor ou mais cinema. Amavam-se pelos olhos, doíam pela imaginação. Juntos criavam cartas, histórias para o mês de Julho, que era o mês dela, melancolias para setembro, quando o tempo não esvaia como esvaia a coragem pra armar-se contra as peças que lhe eram pregadas no peito. Inventavam tempo pro tempo. Amor para o amor.  Um jeito pro que não tinha jeito.
[...]

Um comentário:

  1. Espalha essa sua invenção do amor por aqui, que teu jeito de escrever faz meus olhos brilharem *-*, sua linda.

    :*

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"a palavra escrita permanece."