11.7.11

sapato novo


Se renova, cai e sopra. Pula, brinca, finge que não vê. Se desfaz por inteira. Vive metade dos 365, o resto é consumido... pelo resto. Brincou de amor, de fazer amigos, de olhar pôr-do-sol. Fez redação, cálculos, plantou gerânios. Não aprendeu, nem aprenderá inglês. Mas é mestre na linguagem dos olhos. Ela que descobriu o mundo, e sabe vê-lo do ângulo mais bonito. Quer conhecer a índia e o Japão e a dança haitiana. Que lava os cabelos com xampus diferentes.

Que procura em cada alma um vestígio de ternura e de cor, que larga livros pelo quarto, deixando pistas do mundo onde queria estar. É tão sensível, tão teimosa, que juntou frases e discos e coisas desgastas, e fez uma barreira de histórias, dragões, mágicos, canções e mistérios. Encanta-se na alegria febril de quem ganha um sapato novo.
Sem balões, bolos e outras alegrias. Apenas dezesseis.

3 comentários:

  1. "que larga livros pelo quarto, deixando pistas do mundo onde queria estar."

    Nós.

    ResponderExcluir
  2. Visitei seu blog e gotei dele. ^^'

    ..até estou seguindo!!
    visita o meu aí, se gosta me segue também:

    http://belezaeatragedia.blogspot.com

    bjos.. Até Mais!!

    ResponderExcluir
  3. A fragilidade dos teus textos me encanta. A sensibilidade, mais ainda.

    ResponderExcluir

"a palavra escrita permanece."