2.12.12

pra não dizer que não falei das flores



Quero sair daqui.
Eu realmente queria grana pra viajar agora, nem me importaria que fosse só cruzar o estado, madrugar em rodoviária mineira, fazer aquelas paradas em casas de pão de queijo.
Não me importaria se não precisasse de passaporte, se fosse só pra saciar um pouquinho daquela aflição de querer mudar aqui dentro.
Nessas horas, meu desejo de fazer faculdade longe floresce. Enraízam com o pé-de-sonho as dúvidas, o medo e principalmente a loucura mal planejada que sairia do papel.
Quiçá sairei da escola técnica. A preocupação com o dinheiro, com um emprego... vai se aproximando também um pouquinho de liberdade. Com o ano próximo, não mais precisarei me enclausurar por culpa dos quês e porquês.
Parece mágica, mas algumas certezas vão se formando da rotina e do pensamento. Algumas confianças vão se contornando, afirmando.
Entre elas, a que viajar é o meu lugar. Desbravar mapas e línguas esquisitas. Registrar o tempo, a memória e o sinal, que finita é a vida e mais finita ainda a oportunidade.
A certeza que a palavra é o que meu coração pensa, que quero construir linguagens e imagens, roteirizar sonhos e doideiras —e meu coração salta quando consigo verbalizar essas sensações— e é isso aí, pessoal.

PS: essas são as folhinhas do girassol que está por vir no meu quintal. Sementes do projeto Florear.


Um comentário:

"a palavra escrita permanece."