30.8.12

Quando em Agosto.



- Não quero mais a tua a sua insensatez*

Quando tu for embora de verdade, eu vou colocar quantos discos favoritos quiser e deitar nos próprios sentimentos. Pra descobrir que saudade não se cobre. E que é precipício, cura volátil e desejo imenso do que não volta.
A gente existiu ao mesmo tempo, com alguma música largada em algum cinema velho. A gente se perdeu algum momento entre uma mentira típica. Ainda existimos numa brincadeira só nossa, num sussurro que ficou no vazio das nossas bobices.
 Tempo não cura, só arrasta, até empoeirar todo o caminho de volta que a gente cria no meio do caos de volta pro coração.
Tempo é mentira bem contada, insignificante no meio das tardes preto-e-branco que se formam, longas chatices. É superstição, palavra caída de dicionário, verbete torto, sinônimo de passageiro, também infinito.
Tempo é o que me faz atacar cadernos, lembranças e distâncias. É armadilha.

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(detesto saudades, bebidas amargas e programas de TV sobre famosos. Atravesso a rua devagar quando dá na telha e se pudesse, ia observar de perto cada pedacinho dessa América do Sul aqui. Agostos me machucam, porque eles são infindáveis, assim como memórias em sonhos. Queria poder apagar, como se apaga número da agenda, contas no caderno. Queria que quando existisse, não fosse assim, pesando minha alma. Mas a gente é um paradoxo, porque sentir não haveria de ser também?)


Um comentário:

  1. O tempo pode ser inimigo quando quer.
    E Agosto: sempre devorando aos poucos.

    Angustiante e lindo, menina! :*

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"a palavra escrita permanece."