1.4.12

Inacabado

10 things I hate about you

A gente separava as palavras no papel do mesmo jeito. As contas sob os imãs de geladeira. Os discos de Coltrane, as mãos no cinema. Dividíamos risadas, porque o amor está definitivamente nas risadas*. As birras de ciúme, porque amar é dispor um laço frouxo fácil de desprender, que nunca incomodará. Amor é beijo no ombro, macarrão no domingo, segredos entre cobertas. São trocas, sogras chatas, barbas que não machucam. Nomes do meio, bocas bonitas, bagunçar o peito, sorrir no meio do trânsito. Assistir my girl e chorar. Pensar nos filhos antes mesmo da primeira transa. Ter medo dos primeiros. Primeiro beijo, primeiro jantar em família, primeiro “nós”, primeiras mãos dadas, primeiro choro no travesseiro.

*Música para cortar os pulsos, Rafael Gomes. 

Eu realmente nunca vou terminar este texto. Terminá-lo seria compreender uma infinidade de coisas, e das poucas certezas que tenho agora, uma é que eu não quero entender o amor. Desculpas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"a palavra escrita permanece."