20.8.11

Agostianas

Terraço do Café à Noite, Van Gogh  

Se for agosto, tem espera, tem saudade, desespero. Tem livros, tem lágrimas, tem perdas de amigos que nunca tive. Tem cordel, mas falta cor. Tem feridas que como flor, desabrocham sem querer. Palavras murchas, que como toda palavra, desprende-se no ar.
Tem anseios, jeitos e corpos. Filosofias, olhos castanhos mal encarados, os muros verdes da escola onde todos brincavam de ser alguém. Tem elemento fogo, no céu, sendo cruzado, saindo do mapa, pelas bordas, entrando pelas portas do peito, deixando rastros.
Agosto desperta o desejo de querer ser de vento, fazer teletransporte, quem sabe pra uma esquina, um planeta, um anel de saturno. Ir parar dentro de uma quadro, algum terraço, alguma outra tristeza. Folheia cadernos, calendários antigos, redesenha destinos.

Agosto angustia.


2 comentários:

"a palavra escrita permanece."