As vezes o tempo girava sob minhas luas do móbile. Abafava
lágrimas quentes de dragão, arrastava uns móveis, jorrava luz nos meus pequenos
deletérios.
Quando calhava, o tempo era bom e me deixava uma janela, uma
tarde vaga, um filme. As vezes ele me deixava respirar ofegante, abria brechas
na via-crucis, explodia cores nos meus meses desbotados.
Sorria feito margarida, me tirava, sacodia meu jeito
negativo e arredio. Beliscava sem delicadeza, o tempo doma, não é dama. Engolia,
soprava meus cabelos, me levava até uns céus mineiros em pensamento.
Comigo numa moto numa América quente ou mordendo até salgar
minhas fragilidades.
O tempo via, mas não sentia.
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"a palavra escrita permanece."