14.4.11

. Dois Passageiros



Tinha aquele som de ferro batendo contra ferro, abrindo caminho, assustando crianças e fazendo adultos distraídos se tornarem aquilo que nós sempre seremos nesta vida: passageiros.
Tinha corações feridos, despedidas sem lágrimas, alguns sonhos, outras tristezas. Alguns em movimento, com os lábios cheios de “Com licença, obrigado”. Outros deslumbrados.
Dois pares de olhos se entrecortavam no vaivém dos trens. As mãos nos casacos. Os corações unidos numa batida lenta.
—Quê que eu faço com os pedaços da nossa história?
—Guarda contigo, que eu vou te guardar comigo.
—Vai me escrever no teu coração?
—Sempre e todos os dias.
—Como nós ficaremos?
—Pela metade.
(O trem chegava. Pessoas se amontoavam na porta. Ele entrou só, mas havia mais um passageiro no vagão: o coração dela. Entre eles: Silêncio)
Nara Gonçalves


4 comentários:

  1. Desculpem pelo tempo sem postagens, mas estou muito confusa nos últimos meses, que nem consigo escrever!

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  2. Menina, o seu blog pra mim é um cantinho bom que eu venho para ler sentimentos. E eu os leio com grande admiração, porque consigo notar que eles são moldados com tanto zelo. Gosto muito daqui, de verdade.

    Ah, e essas despedias sempre nos deixam metade.

    Um beijo.

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  3. vou te falar a verdade, eu entrei no blog pelo nome: A menina e o astronauta. Começou bem mas, vim com o pé atrás, pensando: " mais um daqueles blogs", enfim, me surpreendeu e isso é o único motivo de eu tá comentando aqui,

    beijos.

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"a palavra escrita permanece."