Apaga com as pontas dos dedos esse desenho que fez com os pés na areia. Engole com a bebida doce as mágoas de um amor amargo. Feche a janela que vai ter neblina.
Finge um pouco que é feliz sozinho, esconde as tristuras, rasga os bilhetes, coloque um disco, tem Armstrong, Callas e aquela moça da voz ardida. Traz um café forte, tem chá verde também.
—[...] Quer passear na praia? Então vamos rápido que a chuva já vem. Leu aquele livro? Como é mesmo o nome, Triângulo das águas, do Caio F? Você ainda escreve? [...]
Só hoje, apenas hoje finge que nada aconteceu que teu coração é só mais um músculo que bate e bate e que nunca sentiu. Faz de conta que nunca chorou quando ouvia aquela melodia que tanto marcou vocês.
Folheia os cadernos, apague as marcas de dedos, as digitais dele.
Limpe os pontos de interrogação, pingue na alma gotas de afeto. E se puder, esqueça. Nem que seja só um pouquinho, mas esqueça.
Nara Gonçalves
*Canção dos Los Hermanos
E isso é muito bom, quando a gente esquece,
ResponderExcluir"nem que seja só um pouquinho". Lindo texto.
Beijos!
Quanto sentimento as suas palavras guardam, menina.
ResponderExcluirSensibilidade foi o que presenciei nessas linhas, e até agora sinto o afago das palavras, por mais que essas falem um pouquinho de tristeza e de dor.
Muito bonito esse seu texto.
Um beijo.
eu preciso esquecer...
ResponderExcluirTem selo no meu blog para você. Depois passe lá para buscar.
ResponderExcluirhttp://omundosobomeuolhar.blogspot.com/2011/03/so-mais-uma-carta-de-amor.html
Beijos